Fico/Fiol Enfrentam Riscos Elevados Devido à Incerteza sobre Porto em Ilhéus e Trecho Novo na Bahia

Fico/Fiol Enfrentam Riscos Elevados Devido à Incerteza sobre Porto em Ilhéus e Trecho Novo na Bahia

Em 13 de março de 2025, ocorreu a primeira sessão presencial da Audiência Pública (AP) sobre a concessão para exploração da Fico (Ferrovia de Integração Centro-Oeste) e da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), marcada por críticas sobre os riscos do projeto, considerado “complexo” até pelos representantes do governo. Os principais pontos levantados foram a falta de definição sobre o Porto Sul, em Ilhéus, e a construção da Fiol 3, novo trecho entre os dois projetos, o que trouxe insegurança para o andamento da proposta.

A apresentação feita pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) abordou a concessão da Fico-Fiol, um corredor ferroviário que atravessa a Bahia, Goiás e Mato Grosso, com previsão de atingir 1.708 quilômetros. A concessão, que envolve três trechos, foi recebida com desconfiança devido à falta de comprometimento com o Porto Sul, que deveria ser construído em Ilhéus para viabilizar a operação do projeto.

O projeto envolve três trechos: Fico 1, Fiol 2 e Fiol 3, sendo que os dois primeiros estão em andamento pelo poder público, enquanto a Fiol 3 dependerá da execução pela concessionária vencedora. A concessão visa ligar grandes centros produtores de grãos, como Lucas do Rio Verde (MT), ao Porto Sul, mas a falta de informações sobre o andamento do porto gerou críticas. O Porto Sul, cuja construção está prevista, não apresenta progresso, o que levanta dúvidas sobre a viabilidade do projeto ferroviário como um todo.

Os especialistas apontam que a concessão pode não ser atrativa para os investidores, dado o elevado risco. A ANTT classificou a concessão como a mais arriscada dos últimos anos, com uma taxa de risco de 14,4% ao ano. Além disso, a falta de investimentos em infraestrutura, especialmente o Porto Sul, pode resultar em um “projeto capenga”. Luiz Antonio Pagot, ex-diretor-geral do DNIT, afirmou que o porto de Ilhéus é essencial para a viabilidade do projeto e que o governo precisa se comprometer com a sua construção.

Outro ponto criticado foi o modelo de concessão que mantém monopólios no setor ferroviário. Edeon Ferreira, diretor-executivo da Aprosoja, criticou o controle de grandes empresas, como a Rumo e a VLI, sobre trechos ferroviários importantes, e sugeriu uma reavaliação do modelo. A viabilidade do trecho Fiol 3 também foi questionada, uma vez que sua execução dependerá de recursos privados, com custos elevados e um tempo de implantação considerado otimista.

O projeto de concessão tem um investimento total estimado de R$ 28,7 bilhões, com uma parte significativa destinada à Fiol 3. A ANTT espera que a concessão comece em 2027, com a operação do Fico 1 até 2030 e a conclusão de toda a obra prevista para 2037.

A complexidade do projeto foi reconhecida pelos especialistas presentes nas audiências. Diógenes Alvares, da Infra S.A., e Maryane Figueiredo, do Ministério dos Transportes, admitiram os desafios técnicos e a interdependência do projeto com outras concessões, especialmente no que diz respeito à construção do Porto Sul e da Fiol 3.

O governo federal precisará fornecer clareza sobre a execução do Porto Sul e a viabilidade do projeto ferroviário para garantir o sucesso da concessão. Caso contrário, a infraestrutura essencial para o transporte de grãos do país poderá não se concretizar, deixando o projeto sem condições de se sustentar.

Esse cenário de incertezas ainda é um desafio para os investidores e para o sucesso da concessão, o que poderá ter repercussões negativas para o setor de transportes e para o desenvolvimento da infraestrutura no Brasil.

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